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- Eu não compreendo as mulheres. Quanto mais as conheço, menos as compreendo. Falam muito, com muitos pormenores, não se calam, são umas perfeitas gralhas. É muito cansativo. A Lena, a minha segunda mulher, era ao contrário. Deprimia, estava sempre de trombas. Primeiro era da gravidez, depois era dos gémeos que não a deixavam dormir, se dormia de mais era porque ficava com dores de cabeça, se dormia de menos andava aos berros pela casa, e nunca sabia nada, eu perguntava-lhe o que é que ela achava disto ou daquilo e ela respondia "não sei". Sempre. Respondia a tudo "não sei". Esta agora que se chama Érnia, a minha actual mulher, então sabe tudo, tem opiniões sobre tudo, anda sempre toda contente, é insuportável.
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Luísa Costa Gomes - Quadro Abstracto in Ler nº 51 (pág. 52) ou Império do Amor - contos - ed. Tinta Permanente (pág. 89)
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